
Evento reuniu autoridades, especialistas e servidores da área para refletir sobre os desafios e avanços da mobilidade urbana
A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria de Engenharia de Trânsito (SET), realizou nesta quarta-feira (21/5) uma programação especial em celebração ao Dia Municipal do Agente de Trânsito. O evento reuniu autoridades, especialistas e servidores da área para refletir sobre os desafios e avanços da mobilidade urbana, além de prestar uma justa homenagem aos profissionais que atuam diariamente nas ruas da capital.
A solenidade contou com a presença da vice-prefeita de Goiânia, Coronel Cláudia, que destacou a importância da valorização do agente de trânsito. “Esses profissionais são essenciais para a organização da cidade. Eles enfrentam o sol, a chuva, o risco e a incompreensão, mas seguem firmes na missão de cuidar da vida e garantir um trânsito mais seguro para todos”, afirmou.
Durante o encontro, quatro convidados especiais compartilharam experiências que vêm transformando a realidade do trânsito em outras cidades do Brasil. Um dos destaques foi Fabrizzio Müller, ex-secretário de Mobilidade de Salvador, referência nacional em gestão de trânsito. Ele apresentou dados que comprovam a eficácia das ações implantadas na capital baiana: entre 2012 e 2017, Salvador reduziu em 51% o número de mortes no trânsito, passando de 247 para 120 óbitos anuais, mesmo com o crescimento da frota no período. “A única forma de salvar vidas no trânsito é fazer os motoristas respeitarem as leis de trânsito. E isso só é possível quando o poder público impõe limites e fiscaliza com seriedade. Ninguém gosta, mas funciona. É a vida que está em jogo”, pontuou Fabrizzio.
Outra palestrante convidada foi Melissa Puertas, doutora e diretora da Escola Pública de Trânsito de Curitiba. Ela compartilhou boas práticas da capital paranaense, como a priorização do transporte coletivo e o uso da tecnologia para dar mais agilidade aos ônibus — estratégia semelhante à adotada em Goiânia, com a recente implementação da metronização. Melissa reforçou que a educação de trânsito é fundamental, mas, sozinha, não resolve: “Em Curitiba, os ônibus são sinalizados nos pontos cegos para alertar motociclistas. Pequenas mudanças, aliadas à fiscalização e tecnologia, fazem a diferença. Educar é essencial, mas precisamos estruturar o sistema para salvar vidas.”
A presidente do Cetran Goiás, Nayara Coimbra, ressaltou a responsabilidade dos municípios na gestão da mobilidade e fez um chamado à ação. “Temos 246 municípios em Goiás e apenas 57 possuem alguma estrutura voltada ao trânsito. E nas últimas eleições, apenas um candidato trouxe esse tema no plano de governo. É um assunto complexo, que exige conhecimento e coragem para mudar. Goiânia está dando exemplo”, afirmou. Ela também elogiou o trabalho dos agentes e colocou o Cetran à disposição para parcerias e debates.
O inspetor Newton Morais, da Polícia Rodoviária Federal, emocionou os presentes com sua fala sobre a importância e os desafios da profissão. Ele lembrou que a BR-153, que corta Goiás, está entre as mais perigosas do país, e destacou que o trabalho dos agentes é essencial, mesmo não sendo compreendido às vezes. “As pessoas não gostam de ser fiscalizadas. Isso acontece dentro de casa, no trabalho, e também no trânsito. Mas o papel do agente é justamente esse: educar quem não quer ser educado. Goiânia não foi planejada para a quantidade de veículos que tem hoje. A frota cresceu desordenadamente e o impacto recai sobre o agente, que muitas vezes vira alvo da impaciência de quem está no trânsito. Mas eles continuam firmes”, disse Newton.
O evento terminou com uma dinâmica do grupo “Agente é Gente”, e o momento foi de descontração. Durante a roda de conversa, agentes compartilharam experiências marcantes. O agente Sebastião Silva relatou um caso que o impactou profundamente. “Estava na Perimetral Norte quando vi uma moto com um homem pilotando, uma mulher na garupa e uma criança no meio, sem capacete. Pouco depois, essa mesma moto se envolveu em um acidente. A criança se machucou muito. Os pneus estavam carecas, o IPVA vencido, a moto sem condição nenhuma de trafegar. Aquilo me doeu demais. Se eu tivesse conseguido abordar antes e retirado aquela moto de circulação, talvez muitos iriam me criticar, dizer que a gente é carrasco. Mas o acidente não teria acontecido e a criança não teria se machucado”, explica.
Foto: SET
Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) – Prefeitura de Goiânia
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